quinta-feira, 12 de julho de 2018

Fidelity do sucesso ao fracasso. E é bom sentar que a história continua

Por gentileza, relevem os erros de ortografia, pois não raro não temos tempo para correções. Fidelity Electronics. Fundada em 1959 em Chicago, posteriormente transferida para Miami. Originalmente Fidelity fabricava aparelhos médicos hospitalares bem como aparelhos auditivos. Seu gerente geral Sidney Samole, após acordos com os acionistas, tornou-se proprietário e presidente da empresa. Segundo alguns registros, talvez com um pouco de fantasia, consta que Samole em 1976, assistindo um episódio do filme Startrek com Mr. Spock viu Spock jogando contra um chip de xadrez 

e a ideia de criar um computador dedicado foi iniciada, sendo que naquela noite por assim dizer, ficou muito entusiasmado em fabricar um computador dedicado. No dia seguinte, contando tal fato a sua secretária, ela disse que seu marido, como hobby, estava trabalhando no desenvolvimento de um programa para xadrez. Samola ao ouvir isso contratou imediatamente essa pessoa, cujo nome era Ron Nelson o qual posteriormente com a quebra da Fidelity, passou a integrar a empresa Excalibur. É bem verdade que resgatar a história da Fidelity é uma tarefa difícil, pois não existem registros na internet. O que se conta aqui é uma compilação de vários textos trazidos por colecionadores de xadrez eletrônicos, mas com uma ressalva, estes textos não trazem a fonte de coleta, portanto a tarefa é ingrata. Catálogos não contam história. Portanto, em 1977 a Fidelity lançou a primeira máquina de xadrez eletrônico, Chess Challenger I que embora destinada aos iniciantes, com elo fraquíssimo de 1000 pontos, foi um sucesso. Era o começo da inteligência artificial aplicada no xadrez. Para os mestres e jogadores experientes esta máquina era vista com ceticismo. Não se tem notícias que a Fidelity montava suas máquinas fora dos EEUU. 

A Fidelity foi pioneira por ter lançado o primeiro xadrez eletrônico comercial em 1977 o Chess Challenger 1. Vendeu até 1989 mais de 3 milhões de unidades, com destaque aos computadores Chess Challenger 7 e Chess Challenger 8, com 600.000 e 500.000 unidades respectivamente, sendo que seu presidente Sid Samole, assinalava que sempre deu preferência para as vendas de computadores considerados acessíveis ao mercado enxadrístico.

As vendas atingiram cerca de US$40 milhões, empregando ao final de 1989, 174 pessoas em Miami. No ápice chegou a ter 1.200 funcionários. Assinalava que o mercado da Mephisto nos EEUU era quase zero, sendo o mesmo para os modelos da Fidelity na Alemanha. Prosseguindo dizia Samole, temos a maior parte do mercado americano com relação a máquinas baratas e mais caras.
Continuou a entrevista dizendo que logo após o campeonato mundial dos dedicados na Espanha, a Fidelity iniciou a produção do Mach III e Mach IV. 

Mach III será vendido no mercado americano. Acentuou que o Mach IV era muito caro para produzir com seus processadores “68020” e muitas memórias “ram”. Mas tinha esperança que os preços das memórias seriam reduzidas e com isso Mach IV poderia ser vendido por um valor significativamente menor. 

Planejava produzir o Mach III em tábua de madeira também, o mesmo que Avant Garde. Um ponto que me chamou a atenção foi o fato de Samole desejar oferecer aos proprietários dos computadores Prestige e Avante Garde a facilidade de um upgrade, pois não fazia sentido para os proprietários destas máquinas terem pago um valor absurdo por uma máquina obsoleta. Mas o que de fato contribuiu para quebra da Fidelity?


Em 1989, a maior novidade do ano foi a aquisição da Fidelity pela Hegener e Glaser, fabricantes da Mephisto.

As duas empresas manteriam suas identidades e linhas de produtos pré-definidas, mas com alguns programas da Fidelity a serem vendidos na Europa pela Mephisto, como o Phantom e algumas unidades de nível iniciante. Também é provável que os módulos para as placas Mephisto com programas da Fidelity seriam vendidas no próximo ano. (verifico que tal fato não se sucedeu).

A aquisição indubitavelmente significaria o fim da amarga rivalidade entre as duas únicas empresas que comercializavam computadores de xadrez de 16 e 32 bits. Isto poderia significar preços ligeiramente mais altos no próximo ano, mas também poderia significar máquinas mais fortes se a Mephisto e a Fidelity cooperassem. Larry Kaufman dizia à época, “que uma outra empresa embarque logo em um modelo de 32 bits, para manter a pressão quanto nos preços, assim como no rating das máquinas.”

A Fidelity estava prestes a se tornar a primeira empresa a oferecer uma máquina de processador dual. Se o aumento de velocidade excedesse 80%, como Fidelity previa, as máquinas dual poderiam permitir que permanecesse competitivas com a Mephisto. Os Elites agora teriam a capacidade de "aprender" com os erros, mas isso para algumas posições, pois o aprendizado é específico.

A Novag fez a transformação mais significativa este ano (1989) em última análise, em contraste com sua abordagem anterior de seletividade apenas na última camada. Isso parece ter tornado o novo programa muito mais forte no nível de xadrez, mas apenas moderadamente tanto em partidas rápidas quanto em partidas de torneio. Esta mesma seletividade também causou um aumento na força do Super V.I.P. sobre o antigo V.I.P.

Para os computadores da Fidelity tem-se que o mais interessante daquele ano seria a linha de Elite 68000, 68020 e 68030, conhecida como versões 1 a 10.  
O nome motorola 68000 se deve ao fato que este processador tinha 68000 transistor.

Na verdade, existiram apenas 8, tendo em vista que a versão 1 não foi lançada e versão 10 deveria ainda esperar por algum tempo. Agora teríamos o programa Mach III com pequenas melhorias, e o novo recurso de aprendizado, que faria com que o maquina variasse seu jogo para evitar perdas repetidas.



As versões com RAM extra (versões 3,4 e 7) claramente não valem a diferença de preço a ser cobrada, pois cada duplicação de RAM acelera o programa em 8% (de acordo com a Fidelity), valendo 8 pontos de avaliação segundo Larry Kaufman. A Fidelity espera que as versões de processador duplo funcionem 80-90% mais rápido do que os modelos de processamento unitário correspondentes, mas isso é apenas uma previsão até o momento. Se isso for verdade, o computador dual promete ser o melhor valor na linha Elite, mas referido fato precisa ser provado. Neste sentido, as versões 2, 6 e 9 é para ser considerado com a devida reserva.

O Versão 2, o Elite 2265, usava o mesmo processador (16 MHz 68000) e programa (ligeiramente refinado) como o Mach III, mas com o dobro da RAM (adicionando 8 pontos de classificação) e o recurso de aprendizado. Embora os eventos subsequentes tenham mostrado que o Mach III é superestimado em 2265, merecendo um melhor teste.

Dizia o artigo que quando comparado com o Polgar e Super Expert B, eles são de força semelhante a níveis rápidos e intermediários, enquanto o Elite começa a mostrar força superior a 2 min / movimento ou mais lento. Ambos os modelos são em madeira com características excelentes de qualidade.

A versão 6, a Elite 2325, tem o mesmo programa (novamente ligeiramente melhorado), processador 68020 a 20 MHz e RAM como Mach IV. Sua classificação de 2325 provou ser mais justificada do que a classificação da versão 2265, versão mais lenta, e uma série de testes contra oponentes humanos e de computador mostrou que ela é praticamente igual em força ao Mephisto Almeria 32 bits (que é executado em apenas 12 MHz). No entanto não parece ser competitivo com o Mephisto


Exclusive Portorose 32 bits de preço comparável, pelo menos em 40 lances por duas horas.

O fato é que em 1989 Samole reconheceu a queda do volume de vendas dos micros dedicados, em face aos programas para computadores pessoais, estes mais fortes e com custos notoriamente inferiores. Samole faleceu em 30/07/2000 e seu filho Shane fundou a Excalibur.



Também não menos verdade que eu tendo participado de todos estes estágios da Fidelity, do sucesso ao fracasso, como consumidor e aficionado, constatei que na década de 80 do século passado, os enxadristas exigiam máquinas mais fortes, impossível à época com processadores tais como a série 68000 da Motorola e H8 Hitachi.

Conta a história que Karpov utilizou o Elite versão 10
para sua preparação com o confronto com Kasparov. Entretanto não menos verdade, que com a chegada dos programas de xadrez para computadores pessoais, aqueles que desejavam máquinas mais fortes para jogar xadrez, ficaram surpresos com a força destes programas e consequentemente mudaram o foco, recusando muito deles a jogar partidas relâmpagos contra os principais programas da época.

Talvez faltou planejamento à Fidelity no sentido de desenvolver novos produtos de xadrez, talvez com novos apelos, não obstante reconhecer que os custos para manutenção dos modelos Elite, Prestige e outros, ficaram proibitivos, não restando dúvidas que a série Elite Avant Garde talvez tenha sido a máquinas mais elegante dentre as várias fabricadas à época.


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